Auroville ainda é uma cultura a ser inventada.

No momento, muitas culturas se intervêm sobre um ambiente que é rural, localizado no sul da Índia. O inglês é ouvido em muitos sotaques – francês, italiano, alemão, tâmil, americano, bengali, russo, coreano, etc.; às vezes, até mesmo o britânico. Uma pessoa pode acordar às 6h para música aldeã e ir à aula de balé às 9h. Ter um sambar para o almoço e trabalhar no computador até às 17h. Descobrir que a motocicleta tem uma perfuração e ter de ou empurrá-la por dois quilômetros através da floresta até a oficina próxima ou encontrar um carro de boi para levá-la até Pondy. À noite, lá pode haver uma conversa sobre o futuro da poesia ou os Vedas. Ou uma pessoa pode ir a um concerto de jazz, ouvir uma banda de rock de Chennai, um recital de Dhrupad, bauls da Bengala, ou Bach. Pode haver um festival teatral de uma noite inteira na aldeia, Esperando Godot no auditório, ou uma performance de dança em um templo iluminado magicamente com lamparinas.

Auroville ainda é uma cultura a ser inventada.

Há fogueiras no anfiteatro para o Ano Novo, encontros em silêncio no aniversário de Auroville, fogos de artifício para o Diwali ou bolos para o Natal. As pessoas costumam usar bermudas e camisetas em qualquer ocasião. Alguns vestem elegantes vestidos e kurtas estilizadas. Outros, calças legais, lungis ou sáris com jasmins em seus cabelos. Tudo depende de como você vai chegar em casa: de bicicleta na escuridão? De motocicleta sobre quebra-molas? Em um carro? Ou caminhando se a Lua está obscura?

A vida em Auroville, nós sonhamos, um dia será completamente artística. Cada um terá a capacidade de apreciar todas as artes e artesanatos, a sua arquitetura e design, e ter uma espontânea necessidade e afinidade pela beleza em todas as coisas. O futuro, nós sonhamos, será uma cidade onde poderemos nos tornar conscientes. Onde as novas formas, os novos sons, os novos movimentos, as novas estruturas e a nova escrita emergirão para dar vida a essa consciência em toda a sua liberdade, beleza, alegria e simplicidade.

Pesquisa é a palavra de ordem que nenhum artista aqui pode evitar, porque Auroville ainda é uma cultura a ser inventada. Vislumbres disso sendo discretamente, ainda que dinamicamente nutridos podem ser encontrados em composições ocasionais de música, em uma exposição de arte ou em uma instalação, em experimentos na dança ou no teatro ou multimídia, em um poema ou em um novo design. Algo que nos faz sonhar com um grande espaço dentro de nós mesmos. Algo que será capaz de nos extrair a riqueza presente e a variedade do mundo, na direção de uma riqueza múltipla e de uma leveza do ser que uma consciência universal ainda está por ofertar.

(Portuguese translation by Pablo Antunes)